Quem estava na manhã desta quinta-feira, 5, na Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA), presenciou uma derrota fragorosa do presidente da entidade, Alberto Campos. Ele teria se empenhado pessoalmente – segundo observador presente à sessão de julgamento do Conselho Seccional – para tornar inidôneo para a advocacia o auditor-geral do Estado, Giussepp Mendes.
Campos deixou o local aborrecido com o resultado a favor de Mendes: 20 a 7. O presidente foi obrigado – diz o observador – a constatar amargamente que o poder dele de persuasão dentro da entidade não é forte como imaginava.
O presidente chegou a cantar vitória antes do tempo. No final do julgamento, porém, a manobra que encabeçou traduziu-se em resultado contrário e surpreendente. Por ampla maioria dos conselheiros, a votação concluiu que o titular da Auditoria Geral do Estado (AGE) estava no pleno direito legal de sua função.
O caso é o seguinte: Mendes havia negado à advogada Polyana Benevides o acesso a documentos e informações sigilosas da investigação preliminar, instaurada pela AGE, com objetivo de avaliar a dimensão do prejuízo aos cofres públicos provocado pelo mau uso do programa Asfalto na Cidade, durante a gestão do ex-governador Simão Jatene.
Polyana é a responsável pela defesa de dois envolvidos no caso: Noêmia Jacob, ex-secretária estadual de obras, e Raimundo Miranda, o fiscal dos contratos. Certa da vitória, com o apoio do presidente da OAB, Polyana não hesitou em ingressar com ação contra o auditor e jamais cogitou do acachapante revés.
A advogada está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado por usurpação de função pública e curiosamente vinha sendo protegida por Alberto Campos, que ignorou a denúncia feita pela AGE. Aliás, ainda de acordo com o observador presente ao julgamento, não é de hoje que Campos vem sendo atacado por usar a respeitada entidade como arma de ataque ao atual governo estadual.
É sintomático: foi durante os governo tucanos – afirma o observador presente à sessão – que Alberto Campos teve vida longa e próspera por uma década. E foi nesse período que ocupou importantes cargos públicos na administração do PSDB.
Dessa vez, porém, Campos mirou em Mendes, mas acertou o próprio pé.
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